Capítulo V – Um momento de embriaguez

Eis como um fenômeno curioso, mas lógico, fora do comum, mas explicável, se produzido em singulares condições. Todo o objeto alijado do projétil tendia a seguir a mesma trajetória e a parar apenas quando ele parasse. A emoção dos três companheiros crescia, aliás, à medida que se aproximava o fim da viagem. Esperavam o imprevisto, os fenômenos mais fantásticos. Na disposição de espírito em que estavam, nada os teria espantado. Muito excitados, a imaginação ia-lhes adiante do projétil, cuja velocidade diminuía acentuadamente, sem que disso se apercebessem. Mas a Lua aumentava de dimensão a olhos vistos, a tal ponto que acreditavam bastar-lhes estender a mão para nela tocar. 

No dia seguinte, mais especificamente 5 de dezembro, logo às cinco da manhã, todos estavam de pé. Este devia ser o último dia de viagem, se os cálculos estivessem exatos. Nessa mesma noite, à meia-noite, dentro de dezoito horas e no preciso momento da lua cheia, alcançariam o resplandecente disco. Aproximava-se a hora em que se completaria aquela viagem - a mais extraordinária de todos os tempos. Não admira, portanto, que desde manhã, através das vigias prateadas pelo luar, os três viajantes não cessassem de saudar o astro da noite, a lua, com confiantes e alegres ‘Urras!’

A lua avançava majestosamente no firmamento estrelado. Apenas alguns graus mais, e ela alcançaria o ponto exato do espaço onde se daria o seu encontro com o projétil. De acordo com as suas próprias observações, Barbicane calculou que a abordariam pelo hemisfério norte, lá onde se alongam as imensas planícies e rareiam as montanhas. Circunstância favorável, se a atmosfera lunar, como se pensava, estivesse apenas concentrada nos locais mais baixos.

- Por outro lado - considerou Michel Ardan - uma planície é mais adequada a um desembarque do que uma montanha. Um selenita que descesse na Europa no cimo do Monte Branco, ou na Ásia no pico do Himalaia, não teria propriamente chegado!

- De mais a mais - acrescentou Nicoles - num terreno plano o projétil ficará imóvel logo que o toque. Numa vertente, pelo contrário, rolaria como uma bola e, já que não somos esquilos, não sairíamos de lá sãos e salvos. Logo, tudo vai bem.

Na verdade, o êxito da audaciosa experiência parecia assegurado. Apesar disso, algo preocupava Barbicane. Porém, como não queria inquietar os companheiros, nada disse.

O fato é que a direção que o projétil tomava, rumando para o hemisfério norte da Lua, provava que a sua trajetória fora ligeiramente modificada. O tiro, matematicamente calculado, deveria levar o projétil mesmo até o centro do disco lunar. Se não o alcançasse, era porque tinha havido um desvio. Que circunstância o teria provocado? Barbicane não o sabia, assim como estava impedido de determinar a importância do fato por lhe faltarem pontos de referência. Esperava, todavia, que não tivesse outro resultado senão o de levá-lo na direção do bordo superior da Lua, região muito mais propícia à alunissagem.

Barbicane contentou-se, portanto, em observar frequentemente a Lua para ver se a trajetória do projétil se mantinha, e decidiu guardar para si a inquietação que sentia. A situação tornar-se-ia dramática se o projétil, errando o alvo, se perdesse nos espaços interplanetários.

Naquele momento, a Lua, em vez do aspecto achatado de um disco, deixava perceber a sua convexidade. Se o Sol a tivesse iluminado obliquamente com os seus raios, a sombra projetada teria feito sobressair as altas montanhas em nítido relevo. O olhar poderia ter mergulhado nos escancarados abismos das crateras e seguir as caprichosas fendas que zebram a imensidade das planícies. Mas todo o relevo estava ainda nivelado por um intenso esplendor. Distinguiam-se apenas as largas manchas que dão à Lua a aparência de um rosto humano.

- Rosto? Que seja - dizia Michel Ardan – Mas creio que se pareça, e sinto-o muito pela amável irmã de Apolo, com um rosto crivadinho de bexigas!

Já muito próximos do destino, os viajantes olhavam fascinados aquele mundo novo. A imaginação levava-os a passear por aquelas regiões desconhecidas. Trepavam aos picos elevados, desciam às profundezas das enormes crateras. Aqui e ali, julgavam ver vastos mares mal contidos pela atmosfera rarefeita, e cursos de água que colhiam o tributo das montanhas. Debruçados no abismo, esperavam surpreender os rumores daquele astro, eternamente mudo nas solidões do espaço.

Essa última parte da jornada deixou-lhes palpitantes recordações. Anotaram-lhes os mais ínfimos pormenores. Uma vaga inquietação penetrava-os à medida que se acercavam do fim da viagem. Tal inquietude teria redobrado se tivessem apercebido de quanto era medíocre a velocidade até o almejado alvo; É que então o projétil já quase não pesava. O seu peso decrescia sem cessar e devia desaparecer totalmente sobre a linha onde as atrações lunares e terrestres se neutralizam, o que iria provoca surpreendentes efeitos.

A despeito das suas preocupações, Michel Ardan não se esqueceu de preparar a refeição matinal com a habitual pontualidade. Comeram com grande apetite. Nada mais excelente do que as carnes em conserva. Alguns copos de um bom vinho francês coroaram a refeição. A este propósito, Michel Ardan fez notar que as vinhas lunares, aquecidas por aquele ardente sol, deviam produzir vinhos dos mais generosos - se é que lá existiam. Em todo o caso, o francês não se esquecera de incluir na sua bagagem algumas preciosas cepas do Médoc e da Côte D’Or, nas quais depositava grandes esperanças.

O aparelho Reiset e Regnault funcionava com extrema precisão. O ar mantinha-se num estado de perfeita pureza. Nenhuma molécula de ácido carbônico resistia à potassa, e quanto ao oxigênio era certamente de primeira qualidade, dizia o Capitão Nicoles. O reduzido vapor de água existente no projétil misturava-se com o ar, atenuando-lhe a secura. Muitas das casas de Paris, Londres ou Nova Iorque, tal como muitas salas de teatro, não possuíam decerto condições tão higiênicas.

Contudo, para funcionar cem por cento era necessário que o aparelho fosse mantido em perfeito estado, pelo que todas as manhãs Michel inspecionava os reguladores de saída, experimentava as torneiras e regulava com o pirômetro a intensidade do gás. Até ali tudo tinha corrido bem, e os viajantes, imitando o respeitável J. T. Maston, começavam a ganhar carnes de tal forma que ninguém os reconheceriam se o seu encarceramento durasse mais alguns meses. Em uma palavra, sucedia-lhes o que acontece aos frangos na capoeira: engordavam.

Olhando através das vigias, Barbicane viu o cadáver do cão e os diversos objetos lançados do projétil, que o acompanhavam obstinadamente. Diana uivava em tom lúgubre ao pressentir os restos de Satélite. Todos aqueles despojos pareciam tão imóveis como se estivessem pousados em terreno sólido.

- Sabem, meus amigos - dizia Michel Ardan - que se um de nós não tivesse resistido ao abalo da partida, teríamos sido forçados, com muita pena, a enterrá-lo, ou em melhores termos, “eterizá-lo”, uma vez que aqui o éter substitui a terra! Imaginem que esse cadáver acusador nos seguisse pelo espaço como um remorso!

- Teria sido muito triste - disse Nicoles.

Repentinamente, os três companheiros de viagem, cujos pulmões estavam afetados por incompreensível causa, mais do que alucinados, queimados pelo ar que lhes incendiava o aparelho respiratório, caíram sem sentidos no pavimento do projétil.

Que se passava? De onde provinha a causa daquela estranha embriaguez, cujas consequências podiam ser desastrosas? De uma simples imprudência de Michel, que, com rara felicidade, Nicoles pode remediar a tempo.

Depois de um desmaio que durou alguns minutos, o capitão foi o primeiro a recuperar os sentidos e as faculdades intelectuais. Apesar de ter almoçado apenas há duas horas, sentia uma fome terrível que o atormentava como se não comesse há vários dias. Tudo nele, estômago e cérebro, estava excitado no mais alto grau.

Levantou-se e naturalmente pediu a Michel uma refeição suplementar. Michel, desmaiado ainda, não respondeu. Nicoles quis então preparar algumas chávenas de chá, destinadas a facilitar a ingestão de uma dúzia de sanduíches. Em primeiro lugar, tratou de arranjar lume, pelo que acendeu um fósforo. Foi enorme a surpresa ao ver brilhar o enxofre com um clarão tão intenso que os olhos só a custo podiam suportar. Do bico de gás, que acendeu também, jorrou uma chama comparável aos jatos de luz elétrica.

Uma revelação acudiu de imediato ao espírito de Nicoles. A intensidade da luz, as perturbações psicológicas, a excitação das faculdades morais e afetivas; tudo se explicava e ele já compreendia.

- O oxigênio! - exclamou ele.

E, curvando-se para o aparelho de ar, notou que a torneira vertia jorros de gás incolor, insípido e inodoro, eminentemente vital, mas que, no estado puro, ocasiona as mais graves perturbações no organismo. Por desatino, Michel deixara completamente aberta a torneira do aparelho!

Nicoles tratou de estancar o escoamento do oxigênio, de que a atmosfera estava saturada, e que teria causado a morte aos viajantes, não por asfixia, mas por combustão. Uma hora depois, o ar, menos carregado, permitia aos pulmões um funcionamento normal. Pouco a pouco, os três amigos restabeleciam-se da embriaguez, mas tiveram de curtir o oxigênio como o bêbado curte o vinho.

Quando soube qual era a parte de responsabilidade que lhe tocava no incidente, Michel nem por isso se mostrou muito preocupado. Afinal, aquela inesperada embriaguez quebrara a monotonia da viagem. Muitas tolices foram ditas sob o efeito dessa ebriedade, mas tão depressa se disseram como se esqueceram.

- Depois - acrescentou o alegre francês - não estou nada aborrecido por ter provado um pouco desse capitoso gás. Sabem, meus amigos, que seria curioso fundar um estabelecimento com salas de oxigênio, onde as pessoas de organismo débil pudessem viver uma vida mais ativa durante algumas horas... Imaginem reuniões em que o ar estivesse saturado desse fluido heróico, teatros cujas administrações o fornecessem em alta dose no decurso dos espetáculos. Que paixão, que fogo, que entusiasmo na alma dos atores e dos espectadores! E se, em vez de uma simples assembléia, se pudesse saturar um povo inteiro? Que acréscimo de produção e de vida o gás lhe proporcionaria! De uma nação esgotada talvez se fizesse uma nação cheia de vitalidade, e mais de uma conheço eu, na nossa velha Europa, que deveria ser submetida a um rigoroso regime de oxigênio, a bem da sua saúde!

Michel falava com tal animação que quase se acreditava está a torneira ainda demasiadamente aberta. Mas, apenas com uma frase, Barbicane esfriou-lhes o entusiasmo.

- Tudo isso está muito bem, amigo Michel - disse-lhe - mas és capaz de nos explicar de onde vieram estas galinhas que entraram na nossa representação?

- As galinhas?

- Sim.

De fato, uma meia dúzia de galinhas e um soberbo galo passeavam de um lado para o outro, esvoaçando e cacarejando.

- As desajeitadas! - exclamou Michel - Foi o oxigênio que lhes deu volta à cabeça!

- Mas, com a breca, que queres fazer destas galinhas? - perguntou Barbicane.

- Aclimatá-las à Lua, ora essa!

- Então por que às escondidas?

- Por brincadeira, meu estimado presidente, uma simples brincadeira que afinal se malogrou ingloriamente! O meu plano era largá-las na Lua sem vos dizer nada. Hem? Qual seria o vosso espanto ao ver estes voláteis terrestres debicando nos campos lunares?...

- Ah, garoto, eterno garoto! - replicou Barbicane - Nem precisas que o oxigênio te suba à cabeça! Estás sempre como nós estávamos sob a influência desse gás. És um lunático!

- Ah, sim! E quem te diz que não estávamos então no nosso perfeito juízo? - perguntou Michel Ardan.

Após esta reflexão filosófica, os três amigos trataram de arrumar o projétil. Galinhas e galos voltaram às gaiolas. Contudo, enquanto procediam a essa operação, Barbicane e os dois companheiros tiveram a nítida sensação de um novo fenômeno.

A partir do momento em que deixaram a Terra, tanto o peso deles como o do projétil e dos objetos que continha havia sofrido uma progressiva redução. Se não podiam verificar tal perda em relação ao projétil, chegaria o momento em que esse efeito se lhes tomaria sensível a eles próprios e aos utensílios e instrumentos de que se serviam.

Escusado será dizer que uma balança normal não poderia acusar tal redução porque o peso destinado a pesar o objeto perderia precisamente o mesmo que o próprio objeto. Todavia, por meio de uma balança de mola, por exemplo, cuja tensão é independente da atração, conseguir-se-ia a exata avaliação dessa perda.

Sabe-se que a atração, ou, dito de outro modo, a gravidade, é proporcional às massas e está na razão inversa do quadrado das distâncias. Daí a seguinte consequência: se a Terra estivesse sozinha no espaço, se os outros corpos celestes desaparecessem subitamente, o projétil, de acordo com a lei de Newton, haveria de pesar tanto menos quanto mais afastado estivesse da Terra, mas sem nunca perder por completo o peso, visto que a atração terrestre sempre havia de fazer-se sentir, fosse qual fosse a distância.

No caso presente, porém, havia de chegar o momento em que o projétil deixaria de estar sujeito às leis da gravidade, pondo de parte os demais corpos celestes, cuja ação se podia considerar como nula.

Realmente, a trajetória do projétil estava traçada entre a Terra e a Lua. À medida que se afastava da terra, a atração terrestre descrevia na razão inversa do quadrado das distâncias. Contudo, a atração lunar aumentava na mesma proporção. Assim, havia de chegar a um ponto em que, neutralizadas as duas atrações, o projétil deixaria de ter peso. Se a massa da Lua e a da Terra fossem iguais, esse ponto localizar-se-ia precisamente a meio da distância entre os dois astros. Porém, tendo em consideração a diferença de massas, fácil se tornava calcular que o tal ponto se situava aos 47/52 da viagem, ou seja, em números mais claros, a setenta e oito mil cento e quatorze léguas da Terra.

Nesse ponto, qualquer corpo que não contivesse em si mesmo meios de deslocação ou de velocidade ficaria eternamente imóvel, visto que a força de atração dos dois astros se equivaleria e não haveria, consequentemente, preponderância de nenhuma delas.

Ora, se a força de impulsão tivesse sido calculada com rigor, o projétil devia atingir esse ponto com uma velocidade nula e total ausência de gravidade, extensível aos objetos que transportava. Que aconteceria então? Três hipóteses e se apresentavam:

Ou o projétil, se porventura conservasse ainda certa velocidade que lhe permitisse transpor o ponto de igual atração, cairia na Lua em virtude da preponderância da atração lunar em relação à terrestre; Ou, por falta de velocidade para atingir esse ponto, voltaria a cair na Terra, graças ao predomínio da atração terrestre sobre a lunar; Ou, finalmente, animado de uma velocidade suficiente para atingir o ponto neutro, mas insuficiente para ir além dele, ficaria eternamente suspenso nesse lugar, como o pretenso túmulo de Maomé, entre o zênite e o nada.

Fonte: http://jv.gilead.org.il/rpaul/

Tal era a situação, cujas consequências Barbicane explicou de forma clara aos companheiros. A questão interessavalhes profundamente. Então, como haviam de saber se o projétil atingiria esse ponto neutro, situado a setenta e oito mil cento e quatorze léguas da Terra, No preciso instante em que eles e os objetos que os rodeavam deixassem de estarem sujeitos aos efeitos da gravidade?

Até ali os viajantes, embora verificando que tais efeitos decresciam progressivamente, ainda não tinham sentido a ausência total daquela força. Mas naquele dia, por volta das onze horas da manhã, Nicoles, ao largar um copo na mão, viu que o mesmo, em vez de cair, ficava suspenso no ar.

- Ah! - exclamou Michel Ardan - Ora aí está um passe de física recreativa.

E logo tratou de tirar dos apoios respectivos diversos objetos, como armas e garrafas, que, abandonados a si mesmos, se mantiveram suspensos como por milagre. Até Diana, uma vez colocada no espaço recriou, mas sem qualquer astúcia, a maravilhosa suspensão inventada pelos Gaston e pelos Rober-Houdin. A cadela, aliás, não parecia aperceber-se de que flutuava no ar.

Os três companheiros, eles próprios, transportados aos domínios do maravilhoso, experimentavam, entre surpreendidos e estupefatos, apesar dos raciocínios científicos, uma sensação de total leveza, que lhes era proporcionada pela ausência de peso. Se estendiam um braço, nada o impedia de ficar estendido. A cabeça vacilava sobre os ombros. Os pés já não se apoiavam no chão do projétil. Estavam como bêbados, com o sentido de equilíbrio desequilibrado. O fantástico criou homens sem imagem reflexa ou sem sombra. Mas no projétil, a realidade, mediante a neutralização das forças atrativas, criara homens sem peão e a quem nada pesava!

De repente, Michel, tomando impulso, deixou o projétil e ficou suspenso no ar, como o monge da Cuisine des Anges, de Murillo.

Poucos instantes depois se juntavam a ele os dois amigos, e os três, no centro do projétil, simbolizavam uma ascensão maravilhosa.

- É isto possível? É verossímil? É real? - perguntou Michel, respondendo a si mesmo – Não, e todavia é! Ah, se Rafael nos visse assim, que Assunção não teria esboçado na tela.

- A assunção não pode durar - disse Barbicane - Logo que o projétil passe o ponto neutro, ficaremos sujeitos à atração lunar.

- E apoiaremos os pés na cúpula do projétil - concluiu Michel.

- Não - emendou Barbicane - porque o projétil, cujo centro de gravidade é muito baixo, há de voltar-se pouco a pouco.

- Bom, já percebi. Vai ficar tudo de pernas para o ar.

- Descansa Michel - interveio Nicoles - Não há que temer a mínima desarrumação. Nenhum objeto sairá do seu lugar, porquanto a evolução do projétil far-se-á de um modo insensível.

- De fato - explicou Barbicane - quando o projétil passar para além do ponto em que as atrações se anulam, a sua base, porque é relativamente mais pesada, arrastá-lo-á para uma posição perpendicular à Lua. Mas para que este fenômeno ocorra é preciso que tenhamos passado a linha neutra.

- Passar a linha neutra! - exclamou Michel - Façamos como os marinheiros que passam o equador: festejemos condignamente o fato!

Um ligeiro movimento lateral levou Michel até a parede acolchoada. Ali, pegou numa garrafa e em copos, que foi colocar no espaço, diante dos companheiros. Em seguida, bebericando alegremente, saudaram a linha com um tríplice hurra.

O equilíbrio de atrações durou apenas uma hora, ao fim da qual os viajantes começaram a se sentir atraídos para o fundo do projétil. Barbicane julgou mesmo ver que a ponta cônica do projétil se afastava um pouco da posição precedente, que o apontava para a Lua, ao mesmo tempo em que a base, por um movimento inverso, se aproximava. Portanto, a atração lunar predominava sobre a terrestre.

A descida em direção ao astro da noite começava de uma forma ainda imperceptível. Mas, pouco a pouco, a força de atração acentuaria, a descida tornar-se-ia mais perceptível e o projétil, arrastado pelo peso da base, voltaria o cone superior para a Terra e desceria, com uma velocidade crescente, até a superfície lunar. O objetivo se- ria, portanto, atingido. Nesse momento nada podia impedir o êxito da empreitada, e Nicoles e Michel Ardan partilharam da alegria de Barbicane.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Biblioteca Júlio Verne se esforça muito para disponibilizar aos nossos leitores sempre as melhores obras.

Para que possamos fazer cada vez mais e melhor, gostaríamos de saber a sua opinião. Críticas e sugestões são sempre bem-vindas. Enfim, diga-nos o que achou do nosso trabalho!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...