Capítulo IV – Os Frios do Espaço


A revelação teve o efeito de um raio. Quem poderia esperar semelhante erro de cálculo? Barbicane recusava-se a admiti-lo. Nicoles reviu os seus cálculos. Estavam certos. Quanto à fórmula que haviam estabelecido, a sua exatidão estava fora de dúvidas. Feita a verificação, o resultado manteve-se: era necessária uma velocidade inicial de dezesseis mil quinhentos e setenta e seis metros no primeiro segundo para atingir o ponto neutro.

Os três amigos olharam-se em silêncio. Do almoço ninguém mais se lembrou. Com os dentes cerrados, as sobrancelhas carregadas e os punhos convulsivamente contraídos, Barbicane olhava através da vigia. Nicoles cruzara os braços e reexaminava os cálculos.

Michel. Ardan murmurava:

- Grandes sábios, não haja dúvidas. Bonita confusão em que nos meteram! Daria de bom grado vinte moedas de ouro para cair em cima do Observatório de Cambridge e esmagá-lo com todos esses falseadores de algarismos!

De súbito, o capitão fez uma reflexão que ecoou no espírito de Barbicane.

- Agora reparo! - disse ele - São sete horas da manhã. Partimos, portanto, há trinta e duas horas. Mais de metade do nosso trajeto está percorrida e, que eu saiba, não estamos caindo!

Barbicane manteve-se em silêncio. Mas, após ter lançado mia rápida olhadela na direção do capitão, pegou num compasso que lhe servia para medir a distância angular do Globo terrestre. Em seguida, através da vidraça inferior, procedeu uma observação rigorosa, graças à imobilidade aparente do projétil. Levantou-se então, limpando a testa molhada de suor, e anotou no papel alguns algarismos. Nicoles compreendeu que o presidente pretendia deduzir da medida do diâmetro terrestre a distância do projétil á Terra. Olhava-o ansiosamente.

- Não! - quase gritou Barbicane, alguns instantes depois - Não, não caímos! Estamos já a mais de cinquenta mil léguas da Terra! Transpusemos o ponto em que o projétil pararia se a velocidade à partida fosse apenas de doze mil jardas! Continuamos a subir!

- É evidente - raciocinou em voz alta Nicoles - que a nossa velocidade inicial, sob impulso das quatrocentas mil libras de algodão-pólvora, ultrapassou as doze mil jardas pedidas. Isto explica que tivéssemos encontrado, passados apenas treze minutos, o segundo satélite, que gravita a mais de duas mil léguas da Terra.

- E tal explicação é tanto mais provável - acrescentou Barbicane - quanto é certo que o projétil ficou aliviado de parte substancial do seu peso quando expeliu a água contida entre tabiques.

- Exato! disse Nicoles.

- Ah! Meu caro Nicoles - exclamou Barbicane - estamos salvos!

- Se é assim - rematou tranquilamente Michel Ardan - acho melhor almoçarmos.

Nicoles não se enganava. A velocidade inicial fora, felizmente, superior à indicada pelo Observatório de Cambridge, mas nem por isso deixara a prestigiosa instituição de ter se enganado.

Os viajantes, já refeitos do falso alarme, sentaram-se à mesa e almoçaram alegremente. Se comeram muito, falaram mais ainda. A confiança era agora maior que antes do “incidente algébrico”.

- E por que razão não havemos de vencer? - repetia Michel Ardan - Por que não havemos de chegar? Vamos a caminho. Diante de nós não há obstáculos. Não há pedras no nosso trajeto. A estrada está livre, mais livre do que a do navio que se debate no mar, mais livre do que a do balão que luta com os ventos! Ora, se o navio chega ao porto de destino, se o balão sobe até onde lhe apraz por que não o nosso projétil não há de atingir o alvo que visou?

- Atingirá - assegurou Barbicane.

- Nem que seja apenas para honrar o povo americano - acrescentou Michel Ardan - o único povo que seria capaz de levar a bom termo tal empresa, o único que podia ver nascer no seu seio um Presidente Barbicane! Ah! Só uma coisa me inquieta: agora, que acabaram as nossas preocupações, em que nos havemos de ocupar? Vamos nos aborrecer terrivelmente!

Barbicane e Nicoles acenaram positivamente.

- Eu creio que fiz bem em prevenir-me, meus amigos – vanglorio-se Michel Ardan - Basta que peçam. Tenho à disposição de vocês xadrez, damas, baralhos de cartas e dominós! Só me falta um bilhar!

- O quê? Trouxeste semelhantes ninharias? - perguntou Barbicane.

- Trouxe - respondeu Michel - e não só para nossa distração, mas também na louvável intenção de introduzir esses nos botequins da Lua.

- Meu amigo - disse Barbicane - se a Lua é habitada, os seus habitantes apareceram alguns milhares de anos antes dos da Terra, porque ninguém pode pôr em dúvida, que esse astro seja mais velho que o nosso. Se, por conseguinte, os selenitas existem há centenas de milhares de anos e se tem o cérebro estruturado como o nosso, inven- taram já tudo o que nós inventamos e até aquilo que havemos de inventar no decurso dos séculos vindouros. Em outras palavras, nada têm a aprender conosco, enquanto nós teremos tudo a aprender com eles.

- Que dizes? - perguntou Michel Ardan. - Pensas então que tiveram artistas como Fídias, Michelangelo e Rafael?

- Sim.

- E poetas como Homero, Virgilio, Milton, Lamartine e Hugo?

- Tenho certeza.

- E filósofos como Platão, Aristóteles, Descartes e Kant?

- Não duvido.

- E sábios como Arquimedes, Euclides, Pascal e Newton?

- Jurá-lo-ia.

- E cômicos como Arnal e fotógrafos como... como Nadar?

- Com certeza.

- Bem, amigo Barbicane, se eles são assim tão evoluídos, por que não tentaram comunicar-se com a Terra? Por que não lançaram um projétil lunar em direção à superfície terrestre?

- E quem te disse que não o fizeram? - perguntou por sua vez Barbicane, muito sério.

- Realmente - acrescentou Nicoles - isso até seria mais fácil para eles do que para nós, e por dois motivos: primeiro, porque a atração é seis vezes menos intensa na superfície da Lua do que na da Terra, o que possibilitaria imprimir-lhe uma velocidade de oito mil léguas em vez de oitenta mil, o que requereria uma força propulsora dez vezes menor.

- Então - insistiu Michel - eu repito: por que não o fizeram?

- E eu - replicou Barbicane - volto a insistir: quem te disse que não o fizeram?

- Quando?

- Há milhares de anos, antes da aparição do homem na Terra.

- E o projétil? Onde está o projétil?

- Meu amigo - contemporizou Barbicane

- O mar cobre cinco sextos do nosso Globo. Por isto, há cinco boas razoes para supor que o projétil lunar, se foi lançado, esteja agora no fundo do Atlântico ou do Pacífico. Ao menos que se tivesse enterrado em alguma fenda, na época em que a crosta terrestre não estava suficientemente solidificada.

- Meu velho - retorquiu Michel – tu tens sempre uma explicação para tudo. Inclino-me diante da tua sabedoria. Todavia, há uma hipótese que me é mais cara: a de que os selenitas, sendo mais velhos e sábios que nós, nem sequer tenham inventado a pólvora.

Nessa altura, Diana intrometeu-se na conversa, soltando um sonoro latido. Reclamava a sua ração.

- Ah! - fez Michel Ardan - Com a discussão até nos esquecemos de Diana e de Satélite.

Uma abundante sopa foi rapidamente preparada e oferecida à cadela, que a devorou com grande apetite.

- Olha, Barbicane - dizia Michel - o que deveríamos ter feito era transformar o projétil numa segunda Arca de Noé e levar para a Lua um casal de todos os animais domésticos.

- Sem dúvida - respondeu Barbicane -,mas não teríamos espaço.

- Ora, dava-se um jeito! - disse Michel. - Apertávamos um pouco.

- A verdade é que um boi, uma vaca, uma égua e um cavalo nos seriam muito úteis no continente lunar - opinou Nicoles - Mas este foguete não poderia transformar-se numa estrebaria, nem num estábulo.

- Mas ao menos - disse Michel Ardan - poderíamos ter trazido um burro, um pequeno e simples burro, o corajoso e paciente animal que o velho Sileno gostava de montar!

Como eu gosto dos pobres burros! São os animais menos favorecidos da criação: não só lhes batem enquanto vivos, como ainda depois de mortos.

- Que queres dizer? - inquiriu Barbicane.

- Ora essa - exclamou Michel Ardan - Então não lhes aproveitam a pele para fazer tambores?

Barbicane e Nicoles não puderam deixar de rir perante tão extravagante reflexão. Mas com um grito do alegre companheiro calaram-se: Michel estava curvado sobre o nicho de Satélite. Quando se levantou, disse:

- Satélite já não está doente.

- Ali! - fez Nicoles.

- Não - prosseguiu Michel - está morto.

- É uma pena - acrescentou com uma voz melancólica. – Temo, minha pobre Diana, que não possas perpetuar a tua espécie na Lua? Realmente o infortunado Satélite não conseguira sobreviver ao grave ferimento. Estava morto, bem morto. Michel Ardan, muito perturbado, olhava os amigos.
- Agora temos um problema - murmurou Barbicane. - Não podemos manter aqui o seu cadáver por mais quarenta e oito horas.

- Não, claro que não - apoiou Nicoles - As nossas vigias estão fixadas por dobradiças, podem abrir-se. Abriremos uma e lançaremos o corpo no espaço.

Após ter refletido durante alguns instantes, o presidente disse:

- Sim, teremos: de ir para essa solução, mas será necessário que observemos com rigor as precauções.

- Por quê? - perguntou Michel.

- Por duas razões fáceis de compreender - respondeu Barbicane - A primeira relaciona-se com o ar existente dentro do projétil, que não podemos desperdiçar.

- Mas se nós o podemos refazer!...

- Só em parte. Apenas refazemos o oxigênio, meu caro Michel. A propósito, temos de estar atentos ao aparelho, não vá ele fornecer oxigênio em quantidade excessiva, porque tal excesso nos traria perturbações fisiológicas muito graves. Se, porém, refazemos o oxigênio, não produzimos o nitrogênio, gás que os pulmões não absorvem e que deve permanecer intacto. Ora o nitrogênio escapar-se-ia rapidamente pela vigia aberta.

- Oh! Mas é só o tempo de lançar o pobre Satélite... - disse Michel.

- De acordo, mas temos que ser rápidos.

- E qual é a segunda razão? - perguntou Michel.

- A segunda razão diz respeito ao frio exterior. Porque é intensíssimo, não o podemos deixar penetrar no projétil, sob pena de nos gelarmos vivos. Todavia o Sol... O Sol aquece o nosso projétil, que lhe absorve os raios, mas não o vácuo em que flutuamos neste momento. Onde não há ar, não há calor, nem luz difusa, e do mesmo modo que há noite, há frio onde os raios do Sol não batem diretamente. A temperatura exterior é apenas a que provém da irradiação estelar, isto é, a mesma que banharia o Globo terrestre se um dia o Sol se extinguisse.

- O que não é para se temer... - considerou Nicoles.

- Quem sabe? - contrapôs Michel Ardan - De resto, mesmo admitindo que o Sol não se extinga, não pode dar-se o caso de a Terra se afastar dele?

- Pronto! - exclamou Barbicane - Aí está Michel com as suas idéias!

- Oh! Acaso não se sabe que a Terra ‘atravessou’ a cauda de um cometa em 1861? Ora, suponhamos que um cometa, com uma força de atração superior à atração solar, se avizinha da Terra. A órbita terrestre inclinaria na direção do astro errante e a Terra, transformada em satélite, seria arrastada a uma distância tal que os raios do Sol deixariam de ter qualquer ação na sua superfície.

- Isso pode acontecer realmente - confirmou Barbicane - mas as consequências de semelhante afastamento poderiam ser bem menos temíveis do que tu supões.

- E por quê?

- Porque o frio e o calor ainda poderiam se equilibrar no Globo. Estimou-se que, se tivesse sido arrastada pelo cometa de 1861, a Terra não chegaria a receber, na máxima distância do Sol, calor igual a dezesseis vezes o calor que na situação atual a Lua lhe envia, calor esse que, concentrado no foco das lentes mais potentes, não produz qualquer efeito apreciável.

- E então? - insistiu Michel.

- Calma - aconselhou Barbicane e prosseguiu: - Estimou-se também que no seu periélio, isto é, à distância mais próxima do Sol, a Terra teria suportado um calor igual a vinte e oito mil vezes o do verão. Contudo, esse calor, capaz de vitrificar as matérias terrestres e de vaporizar as águas, teria dado origem a um anel de nuvens de tal maneira espesso que atenuaria a excessiva temperatura. Daí uma compensação entre os frios do afélio e os calores do periélio e uma temperatura média provavelmente suportável.

- Mas em quantos graus se estima a temperatura dos espaços interplanetários? - perguntou Nicoles.

- Outrora - respondeu Barbicane - acreditava que era uma temperatura excepcionalmente baixa. Calculando o seu decrescimento termométrico, chegava-se a números da ordem dos milhões de graus abaixo de zero. Foi Fourier, compatriota de Michel e ilustre sábio da Academia das Ciências, quem reduziu esses números a estimativas mais exatas. Segundo ele, a temperatura do espaço não vai além dos sessenta graus negativos.

Ora! - disse Michel.

- É mais ou menos a temperatura - prosseguiu Barbicane - que foi observada nas regiões polares, na Ilha Melville e em Forte Refiance, que era de cerca de cinquenta e seis graus centígrados abaixo de zero.

- Resta saber - observou Nicoles - se Fourier se enganou nas avaliações. Se bem me lembro, um outro sábio francês, Pouillet, estima a temperatura do espaço em cento e sessenta graus abaixo de zero. É o que nós verificaremos.

- Não por hora - advertiu Barbicane - porque os raios solares, incidindo diretamente no nosso termômetro, dar-nos-iam, ao contrário, uma temperatura muito elevada. Mas, quando chegarmos à Lua, durante as noites de quinze dias que alternadamente ensombra cada uma das faces do astro, teremos tempo para levar a cabo essa experiência, porque o nosso satélite move-se no vácuo.

Fonte: http://jv.gilead.org.il/rpaul/

- Afinal, que entendes tu por vácuo? - perguntou Michel - E o vácuo absoluto?

- É o vácuo completamente privado de ar.

- E nesse vácuo o ar não é substituído por nada?

- Sim, é. Pelo éter - precisou Barbicane.

- E o que é o éter?

- O éter, meu amigo, é uma aglomeração de átomos imponderáveis, que, relativamente às suas dimensões, segundo dizem as obras de física molecular, estão tão afastados uns dos outros como o estão os corpos celestes entre si no espaço. Essa distância, porém, é inferior a um terço de milionésimo de milímetro. São esses átomos que, através do movimento vibratório de que estão animados, produzem a luz e o calor, chegando a alcançar quatrocentos e trinta trilhões de vibrações por segundo, numa amplitude que não excede quatro ou seis décimos milésimos de milímetro.

- Bilhões de bilhões! - exclamou Michel Ardan - Enfim, alguém já mediu essas oscilações? Tudo isso, amigo Barbicane, são números de sábios que enchem os ouvidos, mas nada dizem ao espírito.

- Mas é indispensável calcular...

- Não. É preferível comparar. Um trilhão nada diz. Um termo de comparação, ao contrário, diz tudo. Exemplo: se me disseres que o volume de Urano é setenta e seis vezes superior ao da Terra, o de Saturno novecentas, o de Júpiter mil e trezentas e o do Sol um milhão e trezentas mil, fico absolutamente indiferente. Por isso, prefiro, e de longe, as antigas comparações do Double Liégeois, que nos informam muito por baixo: o Sol é uma abóbora com dois pés de diâmetro, Júpiter uma laranja, Saturno uma pequena maçã avermelhada, Netuno uma tangerina, Urano uma enorme cereja, a Terra um grão-de-bico, Venus uma ervilha, Marte uma grande cabeça de alfinete, Mercúrio um grão de mostarda, e Juno, Ceres, Vêsta e Palas simples grãos de areia! Ao menos assim a gente sabe a que ater-se!

Depois desta tirada de Michel Ardan contra os sábios e os trilhões que rabiscam sem pestanejar, trataram de desembaraçar-se do corpo de Satélite. Nada mais havia a fazer do que lançá-lo no espaço, do mesmo modo que os marinheiros lançam os cadáveres ao mar.

Em 4 de dezembro, os cronômetros marcavam cinco horas da manhã, quando os viajantes acordaram. Tinham decorridas cinquenta e quatro horas de viagem. No que respeita a tempo, apenas haviam excedido em cinco horas e quarenta minutos a metade da duração prevista para a sua permanência no projétil; mas, quando a trajeto, tinham já cumprido perto de sete décimas partes do percurso total, particularidade esta que era consequência da regular diminuição da velocidade.

Assim que Michel desceu, aproximou-se da vigia lateral e, de súbito, deixou escapar uma exclamação de surpresa.

- Que é que foi agora? - inquiriu Barbicane.

O presidente aproximara-se também da vigia. Avistou uma espécie de saco espalmado, que flutuava no exterior a alguns metros do projétil. O objeto parecia imóvel e, no entanto, estava animado do mesmo movimento ascensional que impulsionava o projétil. 

- Que raio de coisa é aquela? - repetia Michel Ardan, estupefato - Será um desses corpúsculos espaciais que o nosso projétil retém no seu raio de atração e que nos vai acompanhar até a Lua?

O que me espanta - confessou Nicoles - é que o peso específico daquele corpo, por certo inferior ao do projétil, lhe permita manter-se tão rigorosamente ao mesmo nível!

- Nicoles - disse Barbicane, após um momento de reflexão - não sei que objeto é aquele, mas sei perfeitamente a razão por que se mantém ao lado do projétil.

- E qual é?

- Não nos esqueçamos, meu caro capitão, que flutuamos no vácuo e que no vácuo os corpos caem ou movem-se, o que é a mesma coisa, com uma velocidade igual, seja qual for o seu peso e a sua forma. É o ar que, pela sua resistência, determina as diferenças de peso. Quando se obtém pneumaticamente o vácuo num tubo, os objetos lá existentes, quer se trate de grãos de poeira ou de chumbo, caem todos com a mesma rapidez. Aqui, no espaço, a mesma causa determina o mesmo efeito.

- Certíssimo - disse Nicoles. - Tudo o que alijarmos acabará por acompanhar o projétil na sua viagem até a Lua.

- Ali! - gritou Michel.

- Que tens homem de Deus? - perguntou Nicoles.

- Eu sei, eu posso adivinhar o que é aquela falsa bólide! Não é um asteróide o que nos acompanha! Nem sequer um fragmento de planeta!

- Que é então? - perguntou Barbicane.

- É o nosso infeliz cão! É o companheiro de Diana!

Na verdade, aquele objeto deformado, irreconhecível, reduzido a nada, era o corpo de Satélite, espalmado como uma gaita de fole vazia, que subia, subia sempre!

Era o corpo de Satélite

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